21 de outubro de 2014, 09:00
Saúde é o que importa, mas médico bom é fundamental!
Fiquei de contar em um post à parte o ocorrido com a conduta médica lá no hospital na cidade que passamos a semaninha de férias. Vitor estava com diarreia há 3 dias, vomitando há 2, e teve febre naquela tarde, quando liguei novamente para o pediatra, dizendo que o Floratil estava demorando para fazer efeito e nem o remédio para controlar a náusea estava funcionando. Ele rapidamente me pediu para ir ao Pronto Socorro local, porque Vitoco não poderia ficar desidratado e disse: “diarreia, ele ainda terá por alguns dias e não há nada a fazer, o organismo vai se encarregar de fazer a flora intestinal se reestabelecer, mas estes vômitos precisam acabar”. E emendou: “assim que chegar lá, peça para o médico me ligar para acordarmos o procedimento”. Aperto no coração, maridão ficou com Luqueto no hotel e lá fui eu com meu pequeno nos braços, que claaaaaro que chegando ao hospital, nem parecia estar doente, de tanto sassaricar na recepção, conversar e brincar com todo mundo!
Recepcionista mega atenciosa, disse que ia nos colocar para sermos atendidos às 19h, já que eram 18h20, pois era a troca de turno e eu seria a primeira a ser atendida, inclusive por um pediatra. Claro que aceitei! Mas somente após 1 hora e muito, uma médica nos chamou. Eu, com Vitoco no colo, contei o que havia acontecido e ela, sentada na mesa, sem ao menos checar temperatura, batimento, pressão ou somente abrir o olhinho dele para visualizar desidratação, prontamente disse que ele entraria no antibiótico para cessar a diarreia.
“Antibiótico, doutora? Mas ele não fez nenhum outro exame, é necessário mesmo”? Minha mãe sempre nos ensinou a ingerir o mínimo de remédio possível. Eu mesma, só fui tomar meu primeiro antibiótico com 14 anos de idade! E a resposta: “sim, só com antibiótico esta diarreia vai parar. Ele vai entrar no soro, dramin e antibiótico”. E a chata aqui: “voltaremos para São Paulo amanhã à noite e no dia seguinte, já tenho pediatra marcado, prefiro não dar antibiótico, tudo bem”? “Não é o correto, mas se você prefere assim, a decisão é sua, pode ir naquela outra sala para medicação, mãezinha”. Nossa, se tem uma coisa que eu não gosto é gente que nunca vi na vida me chamando de mãezinha… E ai, perguntei se ela não iria examiná-lo antes e a super resposta veio na velocidade da luz: “eu não tenho equipamento pediátrico”. Pensei com meus botões: “puxa vida, não sabia que estetoscópio era diferente para criança, ou que não daria para apertar a barriguinha dele ou mesmo somente, examinar os olhos”. Não contente com aquilo tudo, insegura e com meu piki doente nos braços, cometi outro insulto a Sra. profissional que nos atendia: pedi que ligasse para o meu pediatra. “Tenho muito que fazer, cada um tem a sua conduta, a fila está grande lá fora e tem muita gente esperando”. A esta altura a minha insegurança estava maior que a minha educação: “Pois é Dra., eu também esperei um tempão, 2 minutos não fará a menor diferença, estou ligando para ele” e entreguei o celular na mão dela. Com uma cara muito feia, ela falou o que faria e ele aceitou.
Chegando em Sampa, perguntei ao pediatra se eu agi corretamente em não ter aceitado a conduta dela, se fui muito grossa e o que ele me disse: “Yuri, você fez certo, um antibiótico poderia piorar ainda mais, pois era viral e a droga mataria a flora intestinal do Vitor, fazendo com que este vírus se fortalecesse e ele poderia ter esta mesma virose muitas vezes na vida. Fica tranquila, se todas as mães fossem como você, eu estaria falido”. Um sentimento de satisfação tomou conta de mim neste minuto… e uma segurança por ter escolhido o médico certo para os meus filhos, também!
E a verdade é que nós mães, acabamos entendendo cada vez mais, as reações das nossas crianças e algumas condutas a serem tomadas quando é algo mais simples.
E ai, o resto eu já contei: Lucas, maridão e eu, também pegamos a virose, e eu ainda voltei umas 3x ao Pronto Socorro, vomitando, com muita dor abdominal e diarreia, tomando muito dramin e buscopan na veia para melhorar. Era sempre a mesma coisa, médica fazia perguntas da gestação e me mandava para o dramin e buscopan. E depois, avaliávamos o Tiago, fazendo o ultrassom. E, Tiagucho sempre tranquilo, ufa! Teve até um dia que tive que sair do trabalho correndo direto para o PS de novo. Resultado: médico olhando a pança da gravidez, perguntando de enjoos, acalmando que as dores eram da virose e pra mim, mais dramin e buscopan.
Na mesma semana, logo após o almoço, comecei a sentir dores e piorar e piorar. Tomei remédio, que fez cócegas. Eu, que juro que sou forte, comecei a ficar sem conseguir respirar. Um amigo da empresa me levou correndo para o hospital. No caminho, as dores pioraram MUITO, eu achava que estava com alguma coisa muito mais séria. Não sei como cheguei na recepção, só lembro do meu amigo me segurando e eu só fui “acordar” já na maca, tomando alguma coisa na veia, de novo. E também recordo dele dizendo que tinha acabado de ligar para o meu marido, que já estava chegando… Como eu cheguei com grau 10 de dor, não consegui nem falar da gestação.
E na minha opinião ter “omitido” foi ótimo, pois resolveram fazer um diagnóstico correto, com uma batelada de exames. Creio que eles olham grávidas chegando no PS com dor e pensam que é frescura. Aí, ouvi alguém falando que eu ia para a tomografia ou Raio X. “Opa, isso eu não posso, tô grávida”. “Mãezinha, por que você não disse que está grávida”? Nem respondi. Aí, resolveram fazer ultrassom de tudo. Tiago, ótimo, colo do útero, ótimo e eu, mais tranquila em saber que meu pequerrucho estava bem. Mas as dores, aumentando novamente. Maridão chegou, ufa! Na hora do US abdominal, a médica fica num vai e vêm com aquele troço na minha barriga e de repente, para no meio, chama um outro médico para ajudá-la e aquela discussão técnica na nossa frente do que seria aquela “cristalização”. Eu pergunto: “está tudo bem”? E a resposta, com um sorriso sarcástico: “Calma”! hahahahahaha, melhor rir para não chorar, isso porque eu estava em um dos melhores hospitais da América Latina…
Bom, o diagnóstico dado foi: pedras, muitas e muitas pedras na vesícula. Desde gergelins, ervilhas a 2 grandes azeitonas chilenas. Eu, já no 3º ou 4º medicamento, alternando entre dor e ânsia, já mudando de sala pela enésima vez, escuto a discussão no telefone entre o plantonista, que teimava em dizer que eu deveria ser operada e a minha gineco, que me acompanha há uns bons anos, fez todos os meus partos e está de pertinho olhando o Tiago na pancita, dizendo: “cirurgia nem pensar, ela está grávida, só se for em último, mas em último caso MESMO, esqueça”!
E ouvir isto dela me deixou mais tranquila. Mas as dores continuavam e a decisão foi ficar internada. Sorte que era dia da babá dormir em casa e os meninos já estavam com ela. Passei a madrugada com muita dor. No dia seguinte, maridão já havia saído cedinho para levar as crianças na escola, eu estava sozinha no quarto e a minha gineco entra lá junto com outro cirurgião “expert em vesículas” da equipe dela, e começam a discutir que era realmente necessária a extração da vesícula.
Entrei em verdadeiro pânico. Implorei a minha médica para não fazer a cirurgia, que eu seguiria à risca toda e qualquer dieta livre de gorduras, abdicaria até do meu Mc Donald’s querido. Mas ela foi enfática em dizer que como havia muitas pedras pequenas, a possibilidade de uma delas se deslocar até o pâncreas era muito grande e aí sim, seria muito mais perigoso, com complicações e risco de vida. “Como assim, risco de vida”? Disse que acompanharia toda a cirurgia com o marido dela (que também está conosco em todas as gestações) e me tranquilizou falando que atualmente há a possibilidade de “amenizar” a anestesia geral para gestantes e que tudo ia dar certo. “Aceitei” a operação, seria naquela noite, os médicos foram embora e eu fiquei esperando o marido chegar.
Acho que foi o dia mais complicado que já vivi. Medo, muito medo. Medo, não. Pânico. Medo do Tiagucho não sobreviver à operação e anestesia geral. Entre ele e eu, claro que eu pensava nele. Mas e o Luqueto e Vitoco? Eu não podia pensar. Só torcia para que tudo desse certo e que o cirurgião recomendado pela minha gineco fosse fera como ela. Nossa! Estas horas anteriores à operação foram sufocantes pra mim. Acho até que o medo era maior que a dor, mas eu não tinha a possibilidade de escolher. Parece drama? Só sei dizer que eu estava DE SES PE RA DA!
Minha babá que é um anjo não só na vida dos meus filhos, mas na minha também, passaria o final de semana com os meninos e assim, eu fiquei mais tranquila.
Bom, chegou à hora, pânico aumentou, mas a verdade e a mais pura verdade é que eu estava em ótimas mãos. Acordei na sala de cirurgia ainda, perguntei do Tiago e eu me lembro muito bem da minha gineco dizer que os batimentos cardíacos dele não oscilaram nada e que o piki ficou ótimo durante todo o procedimento!
Ah, e a minha outra pergunta foi: “quando posso voltar a trabalhar”? hahahahahahahaha como se eu fosse a última bolacha do pacote e imprescindível para a empresa!!!
E as outras semanas que seguiram, foram muito importantes não só para a minha recuperação, mas para refletir muito sobre a vida. Vitoco completou 2 anos de vida, de pura alegria, curtiu a sua festinha por todos os minutos, sabia que a festa era dele e estes dois anos que passaram, trouxeram a leveza e a pureza para o nosso dia a dia.
Meu Luqueto, completou 3 anos e 5 meses. E já atingiu 100,5 cm! Sim, com 3 anos já tem 1 metro de altura! Cada dia mais solto, vencendo a timidez, e cada dia mais carinhoso, fico pensando quando ele vai entrar naquela fase de não querer mais abraços e beijos e, que ela não chegue nunca!!!
E eu, completei 39 anos de idade. Sim, sim… 39 anos. Minha nossa, meu último ano antes da entrada nos “enta”. E eu paro para pensar no que eu vivi até agora e no que quero viver nos próximos 60 que me aguardam. E a verdade é uma só: a gente só consegue o que quiser na vida, se tiver saúde. Mas só saúde, não adianta.
Saúde não adianta? Adianta, sim… com a presença de bons médicos. Mas BONS médicos MESMO e infelizmente estes ai são minoria nos planos médicos, se é que existem. E esta seria uma bela discussão em tempos de eleição, mas eu prefiro me privar desta polêmica e apenas agradecer aos médicos da minha família.
E já que dia 18 de Outubro foi dia do médico, aqui vai um grandioso PARABÉNS àqueles que fazem realmente valer a profissão! E o meu, MUITO obrigada!
Depois de ler e reler este post, fiquei me perguntando se eu consegui escrever, sem parecer dramático ou deixando demais transparecer a angústia que eu vivi. E na verdade, eu só quero que todos tenham saúde e procurem por bons médicos. SEMPRE!
Um viva aos nossos médicos de confiança!
E vambora que eu já passei da metade da gestação do Tiago e tem MUITA coisa a fazer! COM SAÚDE !
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