terça-feira, 17 de novembro de 2015

O casamento renasce a cada filho que nasce!


                Ah, o casamento... Delícia lembrar de todos os preparativos, as decisões e tudo o que a gente sente quando está planejando o casamento, não é? Eu, pelo menos sinto isso. Tenho amigas que não gostam nem de lembrar de todas as discussões pré-casório com o namorado. Eu acho que no meu caso, não deu tempo para brigar.
                Como se fosse ontem, eu me recordo da minha última entrevista do emprego novo, a minha futura chefe pedindo para que eu iniciasse no dia 1º de Agosto... e eu, dando uma boa choradinha, pedindo um mês a mais, pois eu tinha programado a viagem de férias dos sonhos... Ela responde que tudo bem, afinal, quem esperou vários meses, não fazia diferença um mês a mais.
                E ai, lá fomos nós para a Europa. Romantismo no ar... No último dia de férias, o então namorado há 4 anos, que já morava comigo há uns 2 anos e meio, mas não sabia se queria casar comigo, se declara e diz que sou sim a mulher da vida dele. Ufa! Mal sabia ele que ao final da viagem, se ele ainda não soubesse, a “união estável”, deixaria de existir, afinal, alguém tinha que tomar uma decisão... Ainda bem que foi ele quem decidiu! Kkkkk

                Voltamos para o Brasil, tive só dois dias para arrumar algumas coisas antes do emprego novo. Achei estranho, a menstruação atrasar já que eu era muito regular. Na verdade, no início do ano, depois de inúmeras tentativas de emagrecimento, minha antiga gineco recomendou parar a pílula. Como eu tomava pílula sem menstruar há uns 10 anos, ela disse que eu demoraria para voltar a ovular, no mínimo um ano. E eu acreditei!
                E no dia 1º de Setembro, no meu primeiro dia no emprego novo, eu descobri a minha gravidez e junto com ela, um misto de felicidade extrema, com susto, com medo, com ansiedade, frio na barriga pensando que eu assumi um compromisso com a empresa nova versus realizar o sonho da minha vida, tudo junto e muito misturado. Duas semanas depois, decidimos casar no papel, assim, preto no branco e colocar a tal aliança no dedo. Tivemos exatos 2 meses para preparar tudo para o casório e acho que como este tempo foi muito curto, não dava tempo pra brigar. Local, decoração, buffet, banda, música, padrinhos, convidados, vestido, convites, havaianas, docinhos, lembrancinhas, bem casado, bebidas, discurso e todos os detalhes foram muito fáceis e é uma delícia lembrar de tudo.

                A gente podia casar todo ano, né? A noite é mágica, está todo mundo feliz, a diversão é garantida, só tem gente bonita, comida boa e um certo romantismo paira no ar. Sim, mas o casamento está loooooonge, muito longe de ser lindo todos os dias como é a grande noite daquele momento que dissemos “sim”. Ainda mais depois dos filhos.
                Nós já morávamos juntos há quase 3 anos antes de casar. Já tínhamos uma vida de casados. Mas é impressionante como aquele papelzinho chamado “certidão de casamento” muda a vida do homem. Digo do homem, porque acho que para nós, mulheres, já temos a nossa vida de casada, quando dividimos o mesmo teto “quase maritalmente”. Eu sempre aconselho as minhas amigas a fazerem o test drive antes do casamento, é legal, dá para aparar umas arestas, dos dois lados. Aliás, acho que a melhor coisa que fizemos após o casamento, foi ter mudado de casa. Porque aí, nós dois criamos a nossa casa, do nosso jeito, com a nossa cara, nossas regras, nossas manias. Eu digo isso porque eu morava sozinha antes de morar com o maridão, já há uns 7 anos, ele que foi morar no meu apartamento. Então, naquela casa, já existiam as minhas manias, as minhas regras, os meus móveis, o meu lay out, o meu dia de fazer as compras, o que comprar pra comer, quando comprar e por que comprar, a minha TV a cabo, os meus programas da TV, a minha senha do wi-fi, os meus amigos que visitavam, as minhas festas, o meu lado na cama, o lugar de pôr as escovas de dente e por ai, vai. Não deve ter sido fácil para ele “se adaptar” às minhas manias e nada como um novo lar doce lar para um bom início de um casamento.
                E aí, 6 meses depois do wedding day, nasce o primeiro filho. Lucas nasceu saudável, lindo, gostoso, fofo e junto com o primeiro filho, nasceu um novo casamento. Sim, após o nascimento dos filhos, o casamento precisou ser reestabelecido. Tudo aquilo que a gente lê nos livros e revistas, acontece: a mulher vive para o filho de noite, dia, madrugada adentro e esquece do marido. Além de tudo ser uma novidade e a gente estar aprendendo a ser mãe, estarmos inseguras com muita coisa, a tal da prolactina, hormônio que fabrica o leite materno, inibe a libido. O assunto que eu tinha quando o marido chegava em casa era relacionado totalmente ao Lucas: se ele sorriu, ele não fez cocô, que ele regurgitou na roupa 3 vezes e eu tive que trocar, que ele teve cólicas, que eu não tinha conseguido dormir, que ele fez cocô e sujou três roupas, alternadamente com as vezes que ele pôs o leite pra fora, que cortar a unha é difícil, que a moça que trabalha em casa não fez alguma coisa certa, que eu estava cansada e se por acaso o marido quisesse contar alguma coisa do trabalho, eu não dava chance, porque o Lucas era mais importante que qualquer outro assunto.

                E quando as coisas começam a entrar nos eixos e começamos a nos ver como marido e mulher, além de pai e mãe daquela coisa fofa, significa que repaginamos nosso casamento, que sim, falamos sim novamente um para o outro, porque sim, nós mudamos como casal, como marido e mulher. Acho que isto acontece logo depois que as mulheres voltam a trabalhar. Por mais duro que seja este início de ficarmos longe das crias, é importante termos uma vida além do filho. E ter assunto para contar, para discutir, para pedir conselho e para literalmente, viver.
                E aí, no meu caso, o que aconteceu quando nós conseguimos repaginar nosso casamento? Eu engravidei do Vitor! Uau, Lucas ainda com 8 meses e eu, grávida. Na minha primeira gestação, os hormônios foram ferozes. Nem eu me aguentava, eu chorava sozinha, eu gritava de raiva, eu virei outra mulher. Sim, coitado do marido. Mas coitada de mim também, por que será que tem que ser tão difícil este negócio hormonal na gente? Loucura! E eu tive sorte na segunda gestação, pois os hormônios foram mais brandos. Por outro lado, não posso dizer o mesmo quanto ao cansaço. Aquelas cochiladas deliciosas que as gestantes dão na primeira gestação, são impossíveis quando se já tem o primeiro filho, ainda mais quando este primeiro filho é um bebê que te olha querendo você, o seu colo, o seu cheiro, o seu chamego. O que dizer? “Mamãe está grávida e precisa dormir?” Impossível! E Lucas não dormia a noite toda, acordava de 4 em 4 horas AINDA. E grávida não dorme, ou seja, eu era uma zumbi ambulante. 
                E Vitor nasceu. Um moleque cabeludo saudável, fofo, lindo e gostoso. Bebê tranquilo, mas que também não dormia a noite. E junto com o Vitor e Lucas com 1 ano e meio, nasceu um novo casamento. Um casamento agora que tinha 2 filhos. E uma esposa, mãe, que não sabia o que era dormir há muuuuuito tempo. E um marido que não sabia o que era esposa, praticamente desde que casou. E nós tivemos que repaginar nosso casamento. De novo. Esta encadernação foi mais difícil, eu diria. Eu estava muito cansada, os hormônios que não causaram muito na gravidez, causaram muito no pós-parto. Não tive depressão pós-parto, mas eu queria dormir. Queria dormir muito. Era a única coisa que eu queria. Mas eu não conseguia, porque se não fosse o Vitor, recém-nascido me querendo, era o Lucas, com 1 ano e meio, que não entendia nada e eu não podia cobrar dele. Então, eu cobrava de quem? Sim, do marido. Eu me sentia uma mãe péssima porque não me sentia com energia para ser perfeita e tinha raiva quando o marido me dizia que eu era uma ótima mãe e que eu me cobrava demais. Meus assuntos com o marido eram novidades do Lucas e se o Vitor fez cocô, se ele teve cólicas e tooooda aquela ladainha de recém nascido.

                Mas as coisas finalmente se assentaram. Os hormônios voltaram ao normal. Não digo que a vida voltou ao normal, porque a verdade é que nós não sabíamos o que era uma “vida normal”. Mas aprendemos a viver nosso então, novo casamento. Éramos 4, marido e mulher finalmente felizes como marido e mulher e também, pais do Lucas e do Vitor. Vitor já com quase 2 anos, Lucas com 3 anos e meio, a vida fica mais fácil quando a criança faz 2 anos, ela fica mais independente e mesmo com a lenda urbana do “terrible two”, a vida ficou mais leve.
                 E aí, como num passe de mágica, descobrimos que o Tiagucho estava a caminho. Surpresa, susto, felicidade, medo e muito, muito amor. Os hormônios foram beeeeeeem amigos. Não fosse pelos enjoos frequentes e toda loucura que eu vivi na terceira gestação com direito a retirada da vesícula com 20 semanas, uma diabetes gestacional e todos os meus kilos a mais, eu não diria que fiquei tãããão cansada. Acho que os meninos já eram maiores e isso foi mais tranquilo.  Quando dizem que o terceirinho vem para acalmar a nossa vida, por mais loucura que pode parecer, é a mais pura verdade.
                Tiago nasceu saudável, lindo, gostoso, fofo e carequinha. Os irmãos se apaixonaram à primeira vista e nada me deixou mais feliz. Mas sim, nasceu um novo casamento DE NOVO. A prolactina em ação, a libido, deixada de lado. Libido, o que seria libido? Eu, preocupada com o bebê e com a atenção aos mais velhos, incluindo o marido, que não podiam se sentir enciumados. E eu juro que consegui esta proeza. Mas sim, nós dois, reaprendemos a ser marido e mulher. DE NOVO!  Mas aprendemos mais uma novidade: sermos pais de três!

                E desta vez foi mais rápido. Este aprendizado a ser e voltar a ser e a sermos de novo, marido e mulher, já está praticamente no nosso sangue! Só não digo que poderíamos até ter outro filho que não precisaria reaprendizado, porque o próximo filho será um cachorro!
                Eu estaria mentindo muito se eu dissesse que foi fácil. Não, looooonge de ser fácil. Muitas vezes tivemos raiva um do outro, magoamos, ficamos dias sem cruzar uma palavra, mas sabíamos que era passageiro. O mais legal de tudo isso? Nunca, mas nunca sequer passou pela nossa cabeça, a gente se separar. E por quê? Porque tem amor. E quando tem amor, tudo fica mais fácil. Mas não tem receita. Acho que todo mundo que tem filho, entende o que eu digo, que o casamento renasce a cada filho que nasce. Acho também que é por isso que tem muita gente que se separa quando nasce um filho ou são muito pequenos, creio que porque não havia amor suficiente ou porque não souberam lidar, ou porque não tinham um marido como o meu! J
                E nós completamos no dia 13 de Novembro, 5 anos de casados. Sim, 5 anos que assinamos o papel. 5 anos, 3 filhos, muitas boas histórias, muitas risadas, muitas emoções, mas muito amor.



Nenhum comentário:

Postar um comentário