Ah,
o casamento... Delícia lembrar de todos os preparativos, as decisões e tudo o
que a gente sente quando está planejando o casamento, não é? Eu, pelo menos
sinto isso. Tenho amigas que não gostam nem de lembrar de todas as discussões pré-casório
com o namorado. Eu acho que no meu caso, não deu tempo para brigar.
Como
se fosse ontem, eu me recordo da minha última entrevista do emprego novo, a
minha futura chefe pedindo para que eu iniciasse no dia 1º de Agosto... e eu,
dando uma boa choradinha, pedindo um mês a mais, pois eu tinha programado a
viagem de férias dos sonhos... Ela responde que tudo bem, afinal, quem esperou
vários meses, não fazia diferença um mês a mais.
E
ai, lá fomos nós para a Europa. Romantismo no ar... No último dia de férias, o
então namorado há 4 anos, que já morava comigo há uns 2 anos e meio, mas não
sabia se queria casar comigo, se declara e diz que sou sim a mulher da vida
dele. Ufa! Mal sabia ele que ao final da viagem, se ele ainda não soubesse, a
“união estável”, deixaria de existir, afinal, alguém tinha que tomar uma
decisão... Ainda bem que foi ele quem decidiu! Kkkkk
Voltamos
para o Brasil, tive só dois dias para arrumar algumas coisas antes do emprego
novo. Achei estranho, a menstruação atrasar já que eu era muito regular. Na
verdade, no início do ano, depois de inúmeras tentativas de emagrecimento, minha
antiga gineco recomendou parar a pílula. Como eu tomava pílula sem menstruar há
uns 10 anos, ela disse que eu demoraria para voltar a ovular, no mínimo um ano.
E eu acreditei!
E
no dia 1º de Setembro, no meu primeiro dia no emprego novo, eu descobri a minha
gravidez e junto com ela, um misto de felicidade extrema, com susto, com medo,
com ansiedade, frio na barriga pensando que eu assumi um compromisso com a
empresa nova versus realizar o sonho da minha vida, tudo junto e muito
misturado. Duas semanas depois, decidimos casar no papel, assim, preto no
branco e colocar a tal aliança no dedo. Tivemos exatos 2 meses para preparar
tudo para o casório e acho que como este tempo foi muito curto, não dava tempo
pra brigar. Local, decoração, buffet, banda, música, padrinhos, convidados,
vestido, convites, havaianas, docinhos, lembrancinhas, bem casado, bebidas,
discurso e todos os detalhes foram muito fáceis e é uma delícia lembrar de
tudo.
A
gente podia casar todo ano, né? A noite é mágica, está todo mundo feliz, a
diversão é garantida, só tem gente bonita, comida boa e um certo romantismo paira
no ar. Sim, mas o casamento está loooooonge, muito longe de ser lindo todos os
dias como é a grande noite daquele momento que dissemos “sim”. Ainda mais
depois dos filhos.
Nós
já morávamos juntos há quase 3 anos antes de casar. Já tínhamos uma vida de
casados. Mas é impressionante como aquele papelzinho chamado “certidão de
casamento” muda a vida do homem. Digo do homem, porque acho que para nós,
mulheres, já temos a nossa vida de casada, quando dividimos o mesmo teto “quase
maritalmente”. Eu sempre aconselho as minhas amigas a fazerem o test drive
antes do casamento, é legal, dá para aparar umas arestas, dos dois lados.
Aliás, acho que a melhor coisa que fizemos após o casamento, foi ter mudado de
casa. Porque aí, nós dois criamos a nossa casa, do nosso jeito, com a nossa
cara, nossas regras, nossas manias. Eu digo isso porque eu morava sozinha antes
de morar com o maridão, já há uns 7 anos, ele que foi morar no meu apartamento.
Então, naquela casa, já existiam as minhas manias, as minhas regras, os meus
móveis, o meu lay out, o meu dia de fazer as compras, o que comprar pra comer,
quando comprar e por que comprar, a minha TV a cabo, os meus programas da TV, a
minha senha do wi-fi, os meus amigos que visitavam, as minhas festas, o meu
lado na cama, o lugar de pôr as escovas de dente e por ai, vai. Não deve ter
sido fácil para ele “se adaptar” às minhas manias e nada como um novo lar doce
lar para um bom início de um casamento.
E
aí, 6 meses depois do wedding day,
nasce o primeiro filho. Lucas nasceu saudável, lindo, gostoso, fofo e junto com
o primeiro filho, nasceu um novo casamento. Sim, após o nascimento dos filhos,
o casamento precisou ser reestabelecido. Tudo aquilo que a gente lê nos livros
e revistas, acontece: a mulher vive para o filho de noite, dia, madrugada adentro
e esquece do marido. Além de tudo ser uma novidade e a gente estar aprendendo a
ser mãe, estarmos inseguras com muita coisa, a tal da prolactina, hormônio que
fabrica o leite materno, inibe a libido. O assunto que eu tinha quando o marido
chegava em casa era relacionado totalmente ao Lucas: se ele sorriu, ele não fez
cocô, que ele regurgitou na roupa 3 vezes e eu tive que trocar, que ele teve
cólicas, que eu não tinha conseguido dormir, que ele fez cocô e sujou três
roupas, alternadamente com as vezes que ele pôs o leite pra fora, que cortar a
unha é difícil, que a moça que trabalha em casa não fez alguma coisa certa, que
eu estava cansada e se por acaso o marido quisesse contar alguma coisa do
trabalho, eu não dava chance, porque o Lucas era mais importante que qualquer
outro assunto.
E
quando as coisas começam a entrar nos eixos e começamos a nos ver como marido e
mulher, além de pai e mãe daquela coisa fofa, significa que repaginamos nosso
casamento, que sim, falamos sim novamente um para o outro, porque sim, nós
mudamos como casal, como marido e mulher. Acho que isto acontece logo depois
que as mulheres voltam a trabalhar. Por mais duro que seja este início de
ficarmos longe das crias, é importante termos uma vida além do filho. E ter
assunto para contar, para discutir, para pedir conselho e para literalmente,
viver.
E
aí, no meu caso, o que aconteceu quando nós conseguimos repaginar nosso
casamento? Eu engravidei do Vitor! Uau, Lucas ainda com 8 meses e eu, grávida.
Na minha primeira gestação, os hormônios foram ferozes. Nem eu me aguentava, eu
chorava sozinha, eu gritava de raiva, eu virei outra mulher. Sim, coitado do
marido. Mas coitada de mim também, por que será que tem que ser tão difícil
este negócio hormonal na gente? Loucura! E eu tive sorte na segunda gestação,
pois os hormônios foram mais brandos. Por outro lado, não posso dizer o mesmo
quanto ao cansaço. Aquelas cochiladas deliciosas que as gestantes dão na
primeira gestação, são impossíveis quando se já tem o primeiro filho, ainda
mais quando este primeiro filho é um bebê que te olha querendo você, o seu
colo, o seu cheiro, o seu chamego. O que dizer? “Mamãe está grávida e precisa
dormir?” Impossível! E Lucas não dormia a noite toda, acordava de 4 em 4 horas
AINDA. E grávida não dorme, ou seja, eu era uma zumbi ambulante.
E
Vitor nasceu. Um moleque cabeludo saudável, fofo, lindo e gostoso. Bebê
tranquilo, mas que também não dormia a noite. E junto com o Vitor e Lucas com 1
ano e meio, nasceu um novo casamento. Um casamento agora que tinha 2 filhos. E
uma esposa, mãe, que não sabia o que era dormir há muuuuuito tempo. E um marido
que não sabia o que era esposa, praticamente desde que casou. E nós tivemos que
repaginar nosso casamento. De novo. Esta encadernação foi mais difícil, eu
diria. Eu estava muito cansada, os hormônios que não causaram muito na
gravidez, causaram muito no pós-parto. Não tive depressão pós-parto, mas eu
queria dormir. Queria dormir muito. Era a única coisa que eu queria. Mas eu não
conseguia, porque se não fosse o Vitor, recém-nascido me querendo, era o Lucas,
com 1 ano e meio, que não entendia nada e eu não podia cobrar dele. Então, eu
cobrava de quem? Sim, do marido. Eu me sentia uma mãe péssima porque não me
sentia com energia para ser perfeita e tinha raiva quando o marido me dizia que
eu era uma ótima mãe e que eu me cobrava demais. Meus assuntos com o marido
eram novidades do Lucas e se o Vitor fez cocô, se ele teve cólicas e tooooda
aquela ladainha de recém nascido.
Mas
as coisas finalmente se assentaram. Os hormônios voltaram ao normal. Não digo
que a vida voltou ao normal, porque a verdade é que nós não sabíamos o que era
uma “vida normal”. Mas aprendemos a viver nosso então, novo casamento. Éramos
4, marido e mulher finalmente felizes como marido e mulher e também, pais do
Lucas e do Vitor. Vitor já com quase 2 anos, Lucas com 3 anos e meio, a vida
fica mais fácil quando a criança faz 2 anos, ela fica mais independente e mesmo
com a lenda urbana do “terrible two”, a vida ficou mais leve.
E aí, como num passe de mágica, descobrimos
que o Tiagucho estava a caminho. Surpresa, susto, felicidade, medo e muito,
muito amor. Os hormônios foram beeeeeeem amigos. Não fosse pelos enjoos
frequentes e toda loucura que eu vivi na terceira gestação com direito a
retirada da vesícula com 20 semanas, uma diabetes gestacional e todos os meus
kilos a mais, eu não diria que fiquei tãããão cansada. Acho que os meninos já
eram maiores e isso foi mais tranquilo. Quando dizem que o terceirinho vem para
acalmar a nossa vida, por mais loucura que pode parecer, é a mais pura verdade.
Tiago
nasceu saudável, lindo, gostoso, fofo e carequinha. Os irmãos se apaixonaram à
primeira vista e nada me deixou mais feliz. Mas sim, nasceu um novo casamento
DE NOVO. A prolactina em ação, a libido, deixada de lado. Libido, o que seria
libido? Eu, preocupada com o bebê e com a atenção aos mais velhos, incluindo o
marido, que não podiam se sentir enciumados. E eu juro que consegui esta
proeza. Mas sim, nós dois, reaprendemos a ser marido e mulher. DE NOVO! Mas aprendemos mais uma novidade: sermos pais
de três!
E
desta vez foi mais rápido. Este aprendizado a ser e voltar a ser e a sermos de
novo, marido e mulher, já está praticamente no nosso sangue! Só não digo que
poderíamos até ter outro filho que não precisaria reaprendizado, porque o
próximo filho será um cachorro!
Eu
estaria mentindo muito se eu dissesse que foi fácil. Não, looooonge de ser
fácil. Muitas vezes tivemos raiva um do outro, magoamos, ficamos dias sem
cruzar uma palavra, mas sabíamos que era passageiro. O mais legal de tudo isso?
Nunca, mas nunca sequer passou pela nossa cabeça, a gente se separar. E por
quê? Porque tem amor. E quando tem amor, tudo fica mais fácil. Mas não tem
receita. Acho que todo mundo que tem filho, entende o que eu digo, que o
casamento renasce a cada filho que nasce. Acho também que é por isso que tem
muita gente que se separa quando nasce um filho ou são muito pequenos, creio
que porque não havia amor suficiente ou porque não souberam lidar, ou porque
não tinham um marido como o meu! J
E
nós completamos no dia 13 de Novembro, 5 anos de casados. Sim, 5 anos que
assinamos o papel. 5 anos, 3 filhos, muitas boas histórias, muitas risadas,
muitas emoções, mas muito amor.
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