sexta-feira, 19 de junho de 2015

A tradição japonesa dos 100 dias de vida!


Desde que eu me conheço por gente, minha mãe sempre comemorou os primeiros 100 dias das crianças. Claro que os meus primeiros, eu nunca me lembraria, mas eu me lembro, vagamente, dos 100 dias do Kim, meu irmãozinho, que hoje tem 33 anos e com uma diferença de 6,5 anos comigo. (Tá bom, tenho quase 40 anos, humpf!)
E também comoramos os 100 dias, da Bioca, minha sobrinha e afilhada, hoje com 7 anos. E do Rafa, que em Setembro, completa 4 anos.
Mas aí vem a dúvida... o que se comemora nos 100 dias? Por que se comemora? Bom, é uma tradição japonesa que nós, da família Pezutto tentamos perpetuar.
Bom, paaaaara tudo agora... Família Pezutto? Este sobrenome não é tipicamente italiano? Tradição japonesa? Não tô entendendo nada... Vamos começar do começo... Embora eu me chame Yuri e Yuri, seja um nome unissex, muita gente acha que é pela moda dos Yuri’s Gagarin’s, do carinha que viajou pelo espaço pela primeira vez. Nãããããõ! O Yuri russo, é masculino e o Yuri JAPONÊS, sim, ja-po-nês, é FEMININO. E significa lírio, a flor. E sim, eu sou mestiça de japonês com italiano, com muito orgulho! Meus avós maternos nasceram em Hiroshima e Yamagata, lá no japão, minha mãe é nissei (nascida aqui) e meus avós paternos, filhos de italianos, da Sicília (por isso, que tenho meu lado briguento!). E por ter esta misturinha oriental, minha mãe sempre nos trouxe um pouco da filosofia japonesa...
E por isso, nós aprendemos a comemorar os primeiros 100 dias de vida e tudo foi passado pelos antepassados da minha mãe, principalmente pela minha bisavó, a “Banthian Velhinha”.
Como que a gente comemora? No passado, não existiam os estudos que leite é o alimento mais importante da criança nos primeiros 6 meses, exclusivamente, então, para simbolizar a introdução de alimentos sólidos na criança, é dado um grão de Gohan (arroz japonês, sem tempero algum, bem molinho, que pronuncia-se Gôrrán, com som anasalado). Se ele engolir, significa que será um “bom garfo”, ou um “gohanzeiro”, como minha Avó, a Banthian, sempre brincou.


Quando Luqueto completou os 100 dias, minha mãe me lembrou da comemoração e lá fomos nós... o Tio Kim, o maior “gohanzeiro” da história, foi lá conferir...


Vovó Mickey (minha mãe é assim, carinhosamente chamada pelos meus filhos, já que o nome dela, Mitie, fica mais legal, se falado Mickey!) deu o primeiro grãozinho para Luqueto.

Pôs pra fora, o que é normal, pois nunca tinha colocado nada sólido na boca pra engolir. Fomos lá e colocamos de volta na boca dele e pluft! Engoliu!

E ai, foi mais um.... E mais um! Olhem só a cara da Vovó Mickey, toda emocionada com o netico que comeu 3 grãozinhos de gohán! Só não demos mais, para não exagerar!!!

E quando contei pra minha avó, ela adorou saber que o Luqueto comeu 3 graõs !!!
E ai, chegou a vez do Vitoquinho, os tão aguardados 100 dias chegaram e vamos lá! Primeiro grão a postos, e....


Engoliu! Ai, saboreou mais um grãozinho e...

Engoliu! E ai, começou a ficar divertido pra ele, era como se fosse uma brincadeira…

Engoliu mais um!
Três grãos, igual ao Luqueto!



            E sim, mais um gohanzeiro na família!!!
Se for tradição ou não, os dois comem super bem! Tem vezes que eles querem comer só Gohan com furikake, um temperinho delícia, que vale a pena experimentar:
                       


Vende na liberdade, ou em qualquer loja com produtos orientais, tem pacotinhos pequenininhos, individuais, da Hello Kitty, ou outros engraçadinhos...
Bom, até que… chegou mais um na família dos gohanzeiros pra comemorar os 100 dias!!! Tifôfo ficou bem desconfiado daquele hashi (os palitinhos pra se comer) entrando na boquinha dele... A princípio não estava muito amigo do tal Gohan, não...
   

Colocava o Gohan na boquinha dele, e ele punha pra fora, como se dissesse: O que você está colocando na minha boca? Cadê o meu mamá, mamãe?


Até que depois de alguma insistência... (Claro, né, família de gohanzeiro tem que mostrar o que é bom pra se comer...), o meu baixote comeu 2 grãos e começou a se divertir com a brincadeira...

E para manter a tradição dos mesticinhos da família, ele comeu o último grão e ao todo, três, como os irmãos mais velhos. E se assim for, será mais um gohanzeiro!


E por curiosidade, eu fui buscar na internet um pouco mais dos 100 dias celebrados no Japão... E eu descobri muitas coisas:

Okuizome (お食い初め), significa literalmente “a primeira refeição de um bebê”, ou seja, será a primeira vez que um bebê será apresentado a uma diversidade de alimentos. Acredita-se que esse costume surgiu no Período Heian (794-1185) e perdura até os dias de hoje. É um ritual que ocorre há mais de mil anos, praticado por todo o Japão, porém com algumas variações regionais. Para os japoneses a primeira data mais importante é o 100° dia de aniversário, enquanto que para nós é o aniversário de 1 ano. No passado era comum a morte de bebês durante as primeiras semanas de vida devido à doenças. Portanto quando um bebê chegava aos 100 dias de vida, era um grande motivo para se comemorar.
O ritual é simplesmente simbólico, pois com 100 dias de vida, o bebê ainda não tem a dentição que possibilite comer os alimentos. O objetivo nada mais é do que desejar saúde e um crescimento saudável à criança, além de sorte, felicidade e abundância para que ela nunca passe fome durante o resto de sua vida. A cerimônia, geralmente é feita em casa. O bebê se veste com uma espécie de mini quimono e a família prepara uma grande refeição. Uma pequena mesa será posta para o bebê e geralmente é usado conjuntos de jantar próprios para o Okuizome.
A refeição é composta por arroz, peixe, legumes, e às vezes outros alimentos que podem ter significados simbólicos. O prato principal é o tai (), um peixe conhecido no Brasil como Pargo. Outros alimentos presentes na primeira refeição de um bebê japonês é umeboshi (梅干し, ameixa em conserva), sekihan (, arroz vermelho pegajoso normalmente consumido durante várias cerimônias), sumashijiro (すまし汁, uma espécie de sopa) e o nimono (煮物, um prato de legumes cozidos).”

Quem quiser mais informações sobre esta ou outras práticas da tradição, pode ler mais em: http://www.japaoemfoco.com/okuizome-a-primeira-refeicao-de-um-bebe-japones/#ixzz3dMAoVyNl , que foi onde busquei estas informações.




Vivendo e aprendendo, né?
Certeza que mesmo não sendo 100% da forma como é feito no Japão, meu avô está feliz da gente continuar com os costumes da família !!!



Um comentário:

  1. Você está se saindo uma excelente blogueira hein!!!
    Quando quiser profissionalizar isso e precisar de um webdesigner, estou as ordens!
    hahahahaha

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